O presidente do Corinthians, Augusto Melo, deverá prestar depoimento nesta quarta-feira (17), às 14h, no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), em São Paulo, no âmbito da investigação sobre o caso VaideBet. A tentativa da defesa de adiar o interrogatório foi negada pela Polícia Civil.
O advogado do dirigente, Ricardo Cury, alegou que ainda não teve acesso integral ao inquérito, o que, segundo ele, comprometeria o direito de defesa. “Eu só posso levar o presidente para depor a partir do instante em que tiver acesso à íntegra do inquérito. E isso ainda não aconteceu”, afirmou à Gazeta Esportiva.
Segundo Cury, a liberação completa dos autos depende de decisão da juíza responsável por acompanhar a investigação, e não do delegado Tiago Fernando Correia, que conduz o caso no DPPC. “O delegado apenas toca o inquérito. Quem autoriza o acesso total aos autos é a juíza. Nosso pedido foi feito, mas ainda não apreciado. A média tem sido de duas semanas para decisões assim”, explicou.
Apesar disso, a Polícia manteve a convocação. Cury afirmou que o ideal seria o adiamento do depoimento para após o feriado. “Uma semana a mais ou a menos não representaria absolutamente nada, até para evitar qualquer uso político do caso”, pontuou.
Outros dirigentes ligados ao contrato com a VaideBet também estão sendo ouvidos. Nesta segunda-feira (15), o ex-diretor administrativo do clube, Marcelo Mariano, prestou esclarecimentos. Na terça-feira (16), será a vez de Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing.
O caso envolve suspeitas de lavagem de dinheiro a partir do contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet. As investigações apontam que parte do valor repassado ao clube foi direcionado à empresa Rede Social Media Design LTDA, intermediária do negócio, que posteriormente transferiu recursos para uma empresa de fachada vinculada ao crime organizado.
O acordo previa repasses mensais de R$ 700 mil à intermediária, totalizando R$ 25,2 milhões ao longo de três anos — o equivalente a 7% do valor total do contrato com a VaideBet.
As apurações são conduzidas pelo delegado Tiago Fernando Correia, com apoio do promotor Juliano Carvalho Atoji, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).