Corinthians lidera ranking de dívidas no futebol brasileiro em 2024

O Corinthians amarga um posto nada desejado: é o clube com a maior dívida líquida do futebol brasileiro. Segundo um levantamento feito pela consultoria Convocados, o Timão fechou 2024 com uma dívida de R$ 2,3 bilhões.

Apesar disso, o relatório também destacou um ponto positivo: a receita recorde do clube, que atingiu R$ 1,1 bilhão, um aumento de 14% em relação a 2023. Mesmo assim, o alerta está ligado: os altos gastos continuam sendo uma pedra no sapato da equipe do Parque São Jorge.

Além do time paulista, apenas o Atlético-MG também ultrapassou a marca dos R$ 2 bilhões em dívidas. Os dois clubes estão isolados no topo desse ranking nada animador.

Em um ano, a dívida líquida do clube alvinegro saltou de R$ 1,89 bilhão para R$ 2,34 bilhões, um aumento de R$ 449 milhões. Nenhum outro clube da Série A, e até alguns grandes da B, teve um crescimento tão expressivo nesse período.

O relatório explica que dívida líquida é basicamente tudo o que o clube deve, descontando o que tem em caixa. E o cenário do futebol nacional como um todo também preocupa: a dívida total dos clubes cresceu 22% e chegou a R$ 14,62 bilhões. Sozinho, o Corinthians representa 16% desse total.

Outro ponto destacado no levantamento é a chamada “alavancagem”. No caso do Timão, ela subiu de 2,0 para 2,1. Isso significa que a dívida é mais que o dobro da receita.

Se continuar nesse ritmo, com a receita atual, o clube levaria cerca de 10 anos para quitar tudo o que deve. Considerando a média dos últimos três anos, o prazo sobe para mais de 12 anos.

As despesas financeiras também assustam. Em 2024, gastou R$ 368,6 milhões só com dívidas, juros e outros encargos, valor que colocaria o clube em 14º lugar se fosse comparado às receitas dos times da Série A. Somando os últimos três anos, já são R$ 655 milhões.

Nos últimos três anos, o déficit foi de R$ 267 milhões, a sexta pior marca entre os clubes analisados. Os custos e despesas do clube aumentaram 11% de 2023 para 2024, foram R$ 747 milhões gastos, contra R$ 675 milhões no ano anterior.

Mesmo assim, o Timão ainda gasta menos que a média nacional em relação às receitas: 67%, enquanto a média brasileira é de 75%. O problema é que esse número ainda é puxado para baixo pelo peso das dívidas.

Os gastos com pessoal, salários e direitos de imagem, também cresceram, mas pouco: de R$ 418 milhões para R$ 429 milhões, um aumento de 3%. O clube só perde nesse quesito para Flamengo e São Paulo.

Esse valor representa 38% da receita total. Se somar com outros custos, o número sobe para 43%. A consultoria alerta que há uma inflação generalizada nos salários no Brasil e que clubes com menos dinheiro estão se endividando para tentar acompanhar os mais ricos.

Apesar de tudo, o Corinthians teve um bom desempenho no chamado EBITDA, o lucro operacional antes de impostos e amortizações. O número saltou de R$ 264 milhões para R$ 338 milhões, sendo R$ 71 milhões desse total vindos de receitas recorrentes.

Mesmo com esse respiro, o alerta continua. A dívida alta, as despesas crescentes e os investimentos ousados colocam a gestão em xeque.

Por conta disso, o clube recebeu nota C da consultoria, a terceira pior em uma escala de 11. A avaliação leva em conta receita, dívida, custos e investimentos.

Vale lembrar que as contas de 2024 foram reprovadas pelo Conselho Deliberativo do clube. A gestão de Augusto Melo, afastado temporariamente pelo caso VaideBet, está agora sob comando interino de Osmar Stabile. Uma assembleia geral marcada para o dia 9 de agosto vai definir se Augusto volta ao cargo ou se será substituído de vez.

Júlia Benini – Alambrado Alvinegro

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