Na última terça-feira (17), a CBF anunciou a criação de um projeto de fair play financeiro para o futebol brasileiro. O nome oficial é Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF). Até agora, 16 clubes da Série A já aderiram, mas o Corinthians segue de fora.
Além do Timão, outros três clubes também não confirmaram participação: Mirassol, Ceará e Vitória.
O momento no Parque São Jorge é turbulento. O time alvinegro vive uma crise política após o impeachment de Augusto Melo no mês passado. Quem assumiu a presidência interina foi Osmar Stabile, que já deixou claro, em conversa com associados, que a situação financeira do clube é complicada. Afirmou ainda que a situação financeira do time alvinegro é delicada, o que dificulta, inclusive, para a chegada de reforços.
Por outro lado, os 16 clubes da elite que já aderiram são: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Bragantino, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport e Vasco.
O projeto também conta com 12 clubes da Série B: América-MG, Athletico, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, CRB, Ferroviária, Goiás, Grêmio Novorizontino, Paysandu, Remo e Volta Redonda. Oito federações estaduais também toparam: Alagoas, Amapá, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e Sergipe.
Esses clubes e federações vão integrar um Grupo de Trabalho, coordenado pelo vice-presidente da CBF, Ricardo Gluck Paul. A ideia é que uma reunião entre esses times e essas federações seja feita logo após o Mundial de Clubes para que as regras do fair play financeiro sejam discutidas e estabelecidas. Depois disso, o grupo deve entregar uma proposta final em até 90 dias.
“Nos próximos dias, vamos concluir a composição do grupo com base nas manifestações recebidas, sempre buscando pluralidade e equilíbrio regional. A participação de todos será essencial para que possamos construir, com legitimidade e excelência técnica, um regulamento que fortaleça o nosso esporte. O futebol brasileiro precisa urgentemente de responsabilidade financeira. Não temos mais tempo a perder”, disse Gluck Paul sobre a importância do momento.
A proposta da entidade é clara: promover “transparência e respeito ao diálogo” para mudar a cultura de dívidas no futebol brasileiro. A meta é evitar que os clubes se afundem em dívidas milionárias e consigam respeitar seus próprios limites na hora de investir.
“Nossa gestão será marcada por enfrentar com seriedade os problemas estruturais do nosso futebol. E, para isso, é fundamental criar um ambiente mais equilibrado e responsável financeiramente. Esse engajamento mostra que estamos no caminho certo: construindo juntos um futebol mais sólido e sustentável”, afirmou Ednaldo Rodrigues reforçando o compromisso.
O modelo segue os passos do futebol europeu, onde o fair play financeiro já é uma realidade nas principais ligas. Por lá, a regra tem como objetivo “melhorar a capacidade econômica e financeira dos clubes”, além de proteger o mercado e garantir que o futebol seja sustentável.
Entre os exemplos de punições aplicadas na Europa estão os clubes que gastam mais do que arrecadam, que fazem empréstimos sem limite de valor de acionistas ou que exageram na compra e venda de jogadores, onde a diferença de valor de um atleta não pode passar de 100 milhões de euros.
O caso mais emblemático atualmente é o do Manchester City, que está sendo investigado pela Football Association (FA), que rege o futebol inglês. O clube é acusado de “ocultação de informações financeiras” e de descumprir as regras do Fair Play Financeiro da Premier League e da Uefa. As punições podem incluir desde a proibição de contratar jogadores até o banimento das competições que disputa.
Júlia Benini – Alambrado Alvinegro