A crise nos bastidores do Corinthians ganhou novo capítulo nesta quarta-feira (7). A novela do impeachment de Augusto Melo vai continuar assim que o inquérito policial sobre o caso Vai de Bet for encerrado pela Justiça.
A decisão foi tomada em reunião comandada por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube. Segundo ele, o momento é decisivo para o futuro do mandatário, que está cada vez mais pressionado.
“O tempo do Corinthians é um, o da Justiça é outro. A comissão de ética tinha sugerido suspender, mas vários conselheiros queriam saber, para formar sua opinião, o que ia dar na polícia. Várias questões, e a questão da insegurança. Chegou num momento que esses interesses convergiram, porque o inquérito está na fase final. Tivemos uma reunião recente, teve um policiamento discreto, as contas foram votadas sem problemas. A questão da segurança interna melhorou, o presidente já depôs. Este momento de hoje tudo se convergiu. Quando acabar o inquérito, eu marco a reunião. Agora, se o inquérito demorar, vamos marcar também. Agora, volto a repetir, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mas não custa esperar”, disse Tuma, explicando que o inquérito está na fase final e que a retomada do processo de impeachment deve acontecer logo.
A segurança nas reuniões internas era um dos entraves. Havia receio entre os conselheiros em participar dos encontros devido a episódios recentes de tensão. Agora, com o ambiente mais controlado e o presidente já tendo prestado depoimento à polícia, Tuma acredita que os fatores se alinharam.
Se o inquérito demorar, o Conselho pode agendar a reunião de qualquer forma. Mas, segundo presidente do Conselho, a maioria dos conselheiros preferiu aguardar a conclusão da investigação.
O documento que embasa o processo de impeachment reúne pareceres técnicos do Conselho Fiscal e do CORI. Os relatórios apontam várias irregularidades na gestão, como contratos questionáveis, falhas na prestação de contas e problemas na área de segurança e no programa Fiel Torcedor.
Além disso, o presidente enfrenta forte desgaste desde o fim de 2023. Esta já é a quarta tentativa formal de tirá-lo do cargo. Em uma delas, mais de 90 conselheiros assinaram o pedido.
Até a Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do clube, mudou de postura. Em nota divulgada nesta semana, afirmou que não vai mais se opor a nenhuma reunião que discuta o afastamento de Augusto Melo. A torcida cita como motivos a falta de transparência, problemas na base, decisões políticas e a condução do contrato com a Vai de Bet.
O desgaste aumentou ainda mais nesta terça-feira (6), quando a Comissão de Justiça protocolou um novo pedido de impeachment. A alegação agora é a reprovação das contas de 2024, que apresentaram um rombo de R$ 181 milhões e uma dívida bruta superior a R$ 800 milhões.
O pedido, assinado pelo presidente da comissão, Leonardo Pantaleão, inclui a solicitação de afastamento imediato do presidente, com base na Lei Geral do Esporte.
Se o impeachment for aprovado no Conselho, a decisão final ficará nas mãos dos sócios, em Assembleia Geral.