Durante um workshop realizado neste sábado (5), no Instituto de Cinema de Doha, no Catar, o cineasta Walter Salles — vencedor do Oscar por Ainda Estou Aqui — anunciou seu novo projeto: uma série documental em cinco partes sobre Sócrates, ex-jogador da seleção brasileira e ativista político.
“Ele nasceu no Pará, na Amazônia. Então, desde o início, a história passa por uma trajetória de migração interna no Brasil. É um projeto sobre futebol, mas também sobre como ele rapidamente entendeu o esporte como uma poderosa ferramenta de transformação política”, contou Salles. A previsão é que a produção seja finalizada ainda este ano.
Segundo o site Variety, durante o evento o diretor também comentou sobre o impacto cultural de Ainda Estou Aqui, filme que narra o desaparecimento de Rubens Paiva durante a ditadura e a incansável luta por justiça de sua esposa, Eunice Paiva.
“O filme foi abraçado pelos jovens. Virou algo deles nas redes sociais”, disse Salles, ao mencionar o movimento em que milhares de pessoas passaram a compartilhar relatos sobre parentes perseguidos e torturados durante o regime militar. “Ainda Estou Aqui deu acesso a uma parte da história que estava escondida.
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou simplesmente Sócrates, foi um dos grandes nomes do futebol brasileiro. Meio-campista de talento raro, passou por clubes como Botafogo-SP, Corinthians, Fiorentina (Itália) e Flamengo. Dentro de campo, se destacou pela inteligência tática, visão de jogo refinada e pelos passes de calcanhar que se tornaram sua marca registrada.
Capitão da lendária seleção brasileira de 1982, Sócrates vestia a camisa 10 e liderava um time que encantou o mundo com seu futebol ofensivo e criativo, mesmo sem conquistar o título, vencido pela Itália naquela Copa.
Fora dos gramados, sua atuação era tão impactante quanto. Formado em medicina, Sócrates se tornou um símbolo da resistência política no Brasil. Era um intelectual engajado, com posições firmes sobre democracia e justiça social. Foi uma das vozes mais ativas da Democracia Corinthiana, movimento liderado pelos próprios jogadores do Corinthians nos anos 1980, que defendia a autogestão do elenco e ecoava um grito por liberdade em plena ditadura militar.
Sócrates faleceu em 2011, aos 57 anos, deixando um legado que ultrapassa o futebol — um verdadeiro exemplo de consciência social e coragem política.